A Rede de Emergência Local é uma construção conceitual da Fundação Bio-Rio, servindo como ferramenta para a implementação da proposta de relacionamento tripartite entre indústria, poder público e comunidade.
A Rede de Emergência Local se baseia nos seguintes componentes:
Componente I: diz respeito às concepções teóricas sobre redes em geral, destacando-se os seguintes aspectos:
- Uma rede é caracterizada por suas conexões, seus pontos de convergência e bifurcação. Ela é uma lógica de conexões, e não de superfícies, definidas por seus agenciamentos internos e não por seus limites externos. Assim, uma rede é uma totalidade aberta capaz de crescer em todos os lados e direções, sendo seu único elemento constitutivo o nó;
- O modelo da rede é marcado pela pluralidade e complexidade das vias mediadoras; não há um caminho logicamente necessário;
- Uma rede comporta uma pluralidade de subtotalidades;
Componente II: Diz respeito à estabilidade da rede enquanto ferramenta, e às possibilidades e limitações de gerenciamento da rede que, por definição, é não gerenciável, em função da seguinte propriedade:
- Como em um jogo, uma rede entra em contato com outra e ambas produzem interações. No espaço-tempo do jogo, duas redes diferentes e diferenciadas que o compõem entram numa transformação, cada uma por si e cada uma segundo a transformação da outra, de forma não-gerenciável;
A estabilidade da rede, bem como seu gerenciamento, depende de diversas variáveis, como interesse dos parceiros de cooperarem entre si, manutenção do interesse coletivo, enfim, das condições e da ARTE de se produzir uma ação coletiva. O gerenciamento da rede, portanto, segue os princípios estabelecidos por John Nash na teoria dos jogos.
Componente III: A ferramenta Rede desempenhou um papel fundamental na consolidação e expansão do capitalismo, enquanto sistema social e econômico. Estruturas em rede podem ser vistas amplamente disseminadas, criando interações desde nossas casas, aos mais remotos rincões do Planeta. Cada rede possui requisitos técnicos específicos, de acordo com os fins a que se propõe. No caso da Rede de Emergência Local, sua função é fazer circular idéias e informações de cunho sócio-ambiental. Portanto, da mesma forma que as redes da indústria do petróleo, unindo campos de exploração aos sites de refino e posterior distribuição, requerem conhecimentos técnicos especializados, as redes de idéias e informações, agregando pessoas e instituições, também o necessitam.
O campo teórico do componente III diz respeito às representações sociais. O mérito do desenvolvimento de uma teoria sobre a formação de mentalidades coletivas coube a pesquisadores como Weber, Simmel, Durkheim e Pareto que, de certo modo, conceberam uma psicologia social que explicasse as irracionalidades modernas, resultantes da secularização, das novas formas de relação, da sobrevivência das tradições, do nacionalismo e assim por diante (Moscovici, 2005).
Em síntese, o componente III diz respeito à gênese do senso comum, à formação de mentalidades, e sua adaptação às realidades locais, no caso, a forma de pensar do brasileiro.
Componente IV: Diz respeito aos elementos constitutivos da Rede, seus componentes-chaves e suas conexões.