Metodologia


O modelo de trabalho desenvolvido pela Fundação Bio-Rio baseia-se em três aspectos, extraídos da Convenção OIT 174 e da iniciativa “Responsible Care”:
· A comunicação dos riscos à população e demais partes interessadas;
· A preparação da população para a resposta à emergência;
· A mitigação dos riscos e o diagnóstico e resolução dos problemas identificados;

Dentre os códigos de práticas que abrangem o ciclo de vida dos produtos químicos, que compõem o “Responsible Care”, destaca-se o compromisso em informar à população os riscos associados à operação industrial, e manter seu próprio Plano de Emergência integrado e periodicamente testado juntamente com o Plano de Emergência Local.

 

Considerando a inexistência de um Plano de Emergência Local, formulado a partir do Poder Público, com a participação efetiva da população, um dos objetivos é a formação de uma rede de emergência local e a realização de um exercício de evacuação da população, testando a sua capacidade de resposta.

 

A metodologia aplicada baseia-se na construção de redes de pessoas e instituições, unindo a empresa ao seu entorno, partindo-se da premissa que os primeiros momentos da resposta à emergência serão conduzidos, basicamente, pela própria população, não havendo qualquer auxílio externo. Como conseqüência, o plano de emergência deve ser o resultado de um processo de construção coletiva, reunindo lideranças da comunidade, setor público e empresas, considerando-se que a resposta à emergência constitui um exemplo de “Ação Coletiva”.

 

Utiliza-se o conceito de “Capital Social”, entendendo a “confiança mútua” como um valor a ser disseminado e cultivado entre empresas, setor público e comunidades do entorno. Entende-se que o termo “Relacionamento” pressupõe o compromisso, das partes envolvidas, com itens específicos de reciprocidade, sem os quais o almejado “relacionamento” não poderá existir como tal, tendo como essência a “confiança”, assentada sobre a transparência, o senso de dever e o respeito mútuo.

 

A rede de pessoas e instituições, que se pretende construir, precisa ser vista como um patrimônio comum - representado por uma comunidade cívica - capaz de produzir ações e resultados, através de sinergias e trabalho voluntário. Por ser capaz de produzir ações, aplica-se o conceito de “capital”, ainda que esteja baseado em redes de solidariedade e trabalho voluntário, que agem independentes de gratificações. Como este “capital” produz resultados úteis à comunidade, denomina-se “capital social”.

 

Compartilhar riscos com as populações não é uma tarefa fácil, pois as pessoas tendem naturalmente a rejeitar – e a se indignar – com as ameaças provocadas por terceiros. Portanto, é essencial que o processo de engajamento de parceiros externos convença as pessoas de que existe um interesse coletivo comum pautando o futuro relacionamento. Como os riscos estão por toda parte - sendo o sentido de sobrevivência uma das principais prioridades dentre as necessidades humanas -, pode-se construir uma agenda comum em torno das questões de segurança, na qual as indústrias têm muito a ensinar.

 

Finalmente, entende-se o projeto no contexto pedagógico, visto como uma complexa operação de conscientização, treinamento e capacitação, no sentido de
levar para a população do entorno do pólo industrial os conceitos de segurança, meio ambiente e saúde aplicados na indústria, de forma integrada.